A educação especial e inclusiva tem a finalidade de promover o acesso e a integração de estudantes atípicos nas instituições de ensino regular. Para garantir o atendimento pedagógico e a possibilidade de socialização escolar aos autistas, a Secretaria de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) proporciona estratégias específicas para atender às necessidades desses estudantes. Os principais objetivos dessa modalidade de ensino são o desenvolvimento de habilidades sociais, a promoção da autoestima e da autoconfiança, assim como a melhoria da aprendizagem.

A Analista Educacional da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Caratinga, Elizangela Correa Dutra Alves, destaca que mesmo com as dificuldades cotidianas da adaptação dos alunos autistas no ambiente educacional, a escola tem se preparado para oferecer a melhor vivência de aprendizagem a eles. “A experiência do autista na escola tem sido desafiadora, mas com a adoção de medidas inclusivas e com apoio especializado, está sendo possível tornar a experiência mais positiva e enriquecedora para todos. A escola tem procurado ser um ambiente que acolhe a diversidade e promove o respeito às diferenças, permitindo que cada aluno alcance o seu potencial máximo”, ressalta.

 

Alguns pontos importantes para o processo de atendimento, ensino e inclusão de alunos autistas nas escolas estaduais são destacados pela diretora Alessandra Campos Falco, da EE Pio XI, de Barbacena. Segunda ela, para que a educação inclusiva aconteça de forma eficaz, são desenvolvidas ações importantes como a identificação e avaliação das necessidades educacionais dos alunos, adaptação e flexibilização do currículo e dos materiais didáticos, e a elaboração do plano de desenvolvimento individualizado (PDI). “A educação inclusiva e especial é importante porque promove a igualdade de oportunidades para os alunos, independente de suas necessidades educacionais especiais”, destaca Alessandra. 

Acolher, humanizar e incluir

A EE Josefina Vieira, em Santa Rita de Minas, trabalha com a valorização do aluno, respeitando as diferenças, enaltecendo o potencial e as capacidades de cada um. A escola, que já oferta o Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) pelo segundo ano, se organizou para receber os alunos da educação especial, de forma inclusiva, aceitando o tempo de adequação de cada um deles à nova rotina. 

Ricardo Borges Martins Cimini, aluno do 1º ano EMTI da instituição, é um exemplo de que o acolhimento e a humanização da aprendizagem contribuem para o desenvolvimento sociopedagógico do estudante autista. Ele se adaptou ao integral de forma tranquila e rápida e já demonstra preferência pelas disciplinas de inglês e biologia, assim como gosto pela escola e pelos colegas. Juliana Corrêa de Faria — especialista coordenadora geral do EMTI e professora da sala de recursos — fala sobre a rápida adaptação do aluno Ricardo e ressalta que ele realiza todas as atividades propostas, que são diferenciadas e elaboradas de maneira personalizada para ajudá-lo em seu desenvolvimento. “Mesmo com as dificuldades em se adaptar às novas rotinas, que o autista apresenta, com o Ricardo o processo foi bem rápido. Hoje, ele está feliz no integral (EMTI)”, frisa Juliana. 

A mãe de Ricardo, Rosiléia Martins Correia, enfatiza a importância da abordagem sociopedagógica para a vida pessoal e escolar do filho. “A gente cria o nosso filho para conseguir vencer o dia a dia. Porque a gente, que é mãe atípica, não é eterna. Então, a gente tem que prepará-lo muito bem para viver em sociedade”, ressalta.

Educação que vai muito além de conteúdos regulares

O atendimento aos alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é realizado de maneira a considerar o estado emocional deles e a realidade cotidiana de seus familiares. Todas as ações direcionadas a essa didática são elaboradas de forma acolhedora e humanizada, e com vistas ao desenvolvimento pleno do estudante nas dimensões comportamentais, emocionais, cognitivas e de linguagem. Assim como permite o aperfeiçoamento das capacidades e a interação social desses alunos.  Para alcançar esse objetivo, o contato direto e constante com a família é essencial. De igual modo, a convivência dos estudantes atípicos com os demais alunos acontece de forma natural, na qual a inserção é realizada com acolhimento, respeito e dedicação, conscientizando e mobilizando todos da comunidade escolar. 

“Alunos especiais estão nas escolas regulares para aprenderem além do alfabeto e dos números. Eles aprendem com os demais a compreender esse mundo e estão na escola se preparando para a vida”, afirma Cristiane Gava Germini, professora de apoio da estudante Eduarda Fraga Zile de Resende, do 6º ano do ensino fundamental da EE Amílcar Savassi, também de Barbacena. Cristiane é professora de apoio há oito anos, desses, cinco dedicados a acompanhar a Eduarda. 

“Com a Duda, aprendi que cada criança é única, por isso precisam de ações para sua inclusão e aprendizagem. Minha aluna adora vir para a escola, a interação e a socialização com as outras crianças lhe dão alegria e a fazem se sentir amada”, ressalta a professora, que completa dizendo que acredita que os estudantes autistas têm muito a ensinar à comunidade escolar.  

A mãe de Eduarda, Diana Bergamaschi Fraga de Rezende, fala emocionada sobre o carinho que os colegas e os profissionais da escola têm com a filha. Ela ressalta a importância dessa inclusão e desse cuidado, pontos que fazem toda a diferença na vida de mães de crianças atípicas. “Não é fácil, mas se a gente tiver o apoio de pessoas preparadas, como tem sido no caminho da Eduarda, eu só tenho a agradecer. Ela chega na escola e é muito bem-recebida. Uma coisa que eu acho muito importante é o carinho com que os colegas de turma tratam ela. Eu fico emocionada”, destaca Diana. 

Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo — 2 de abril

Na manhã desta segunda-feira (03/04), a EE Eduardo Frieiro, em Mato Verde, organizou uma recepção especial aos estudantes autistas, como uma homenagem ao Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo, celebrado em 02 de abril. Como parte do evento, Leandra Kelly Aparecida Freitas Gomes, mãe de Rafael Freitas Gomes — do 1° Ano do ensino fundamental — participou de uma roda de conversa, com o tema “O autismo na prática”, ministrada para toda a escola e com interação dos alunos.

Atitudes como essa reforçam a importância de incluir, acolher e humanizar o ensino especial para o desenvolvimento sociopedagógico de estudantes atípicos. A escola é muito mais do que um ambiente de ensino didático, é um local de aprendizado social e de vivências que tornam os alunos cidadãos conscientes. 

 

 

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